NOTÍCIAS
24 DE MARçO DE 2023
Seminário “Sistema de Justiça pelas mulheres” destaca a importância de ações afirmativas no combate ao machismo
Para marcar o mês da mulher, a Corregedoria Nacional de Justiça em parceria com a Escola Paulista da Magistratura (EPM) e com o apoio da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica do Poder Judiciário de São Paulo (Comesp) e do Instituto Justiça e Cidadania promoveram, na quinta-feira (23/3), o Seminário Sistema de Justiça pelas mulheres.
Os temas abordaram diferentes questões, como, por exemplo, as mulheres e o Poder Judiciário, o Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero e a efetividade dos direitos humanos para as mulheres.
O seminário também homenageou cinco importantes mulheres da área jurídica na história brasileira: Esperança Garcia, considerada a primeira advogada do Brasil; Myrthes Gomes de Campos, primeira mulher a exercer a advocacia no país; Auri Moura Costa, primeira juíza do país; Mary de Aguiar Silva, primeira juíza negra do Brasil; e Maria Rita Soares de Andrade, primeira juíza federal do Brasil.
Na abertura do seminário, a conselheira do CNJ Salise Monteiro Sanchotene ressaltou a importância da participação feminina e da equidade de gênero no Poder Judiciário tanto internamente, como em sua aplicação externa. No âmbito interno, a conselheira apontou como desafio a participação de magistradas nas bancas dos concursos da magistratura brasileira, ponto, esse, que deverá ser alterado em breve por meio de uma normativa do órgão, adiantou a magistrada.
“Temos diversos compromissos firmados com protocolos estrangeiros e possuímos um conjunto de normativos nacionais relativos à equidade de gênero, mas ainda somos marcados pela desigualdade de gênero. Uma cultura que impacta socialmente contra meninas e mulheres. Uma cultura que desqualifica o feminino e naturalizou o estabelecimento de uma hierarquia de valores, em que o masculino branco vale mais. Para fazer frente a isso, é preciso desenvolvermos ações afirmativas na Justiça”, afirmou Salise Sanchotene.

Nesse sentido, a conselheira do CNJ ressaltou a necessidade de os tribunais reconhecerem e cumprirem o Protocolo de Julgamento de Gênero. A magistrada ressaltou ainda que o CNJ deverá acompanhar a implementação do Protocolo nos 90 tribunais brasileiros, conforme determinado pela Resolução n. 492/2023, a fim de combater o machismo estrutural e sistêmico presente no Judiciário.
A secretária municipal de Justiça de São Paulo, Eunice Prudente, levantou a necessidade de uma formação humanística dos(as) servidores(as) públicos(as), magistrados(as) e outras autoridades, para que haja um enfrentamento dos problemas brasileiros de forma menos injusta.
“Chamo atenção das dignas magistradas para essas questões, pois vejo muitas magistradas com tendência a imitarem homens muito autoritários. Esse é um lado terrível da opressão: quando os oprimidos imitam opressores”, afirmou Eunice.
A promotora Fabiana Dal’Mas Paes, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), ponderou também sobre os impactos do machismo nos homens. “[A equidade] é tão importante para nós, mulheres, como para eles. Homens vão menos ao médico e têm maior índice de suicídio. É chegado o momento de construirmos pontes”, disse.
Desafio de toda a sociedade
Na sequência do evento, a juíza federal e auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça Caroline Tauk destacou, entre outros pontos, a importância da diretriz do CNJ para adoção do protocolo integrado de prevenção e medidas de segurança voltado ao enfrentamento à violência doméstica praticada contra magistradas e servidoras.
A juíza também relembrou a sentença da Corte Interamericana (IDH), que condenou o Brasil no caso Márcia Barbosa de Souza, quando o órgão determinou uma série de medidas estruturais para que o país estabelecesse um sistema nacional de contagem de dados, além de análise quantitativa e qualitativa de episódios de violência contra as mulheres.
“O Brasil, para tentar melhorar essa situação e dar mais respostas efetivas ao lamentável cenário da violência contra mulheres, tem buscado fortalecer, por exemplo, a adoção do Protocolo com Perspectiva de Gênero”, enfatizou.
Também participaram do evento a diretora da União de Mulheres de São Paulo, jornalista Maria Amélia de Almeida Teles; a coordenadora científica da Unidade de Monitoramento e Fiscalização de Decisões e Deliberações da Corte Interamericana de Direitos Humanos (UMF/CNJ), professora Flávia Cristina Piovesan; e a 1.ª vice-presidente do Instituto Paulista de Magistrados (IPAM) (Biênio 2022–2023), juíza Hertha Helena Rollemberg Padilha.
No encerramento do evento, o corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, foi taxativo. Segundo ele: “esse tema não é uma pauta exclusivamente das mulheres, mas sim uma pauta do Brasil e do mundo”.
O corregedor também citou dados da pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em parceria com a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), que traçou o perfil das magistradas e as perspectivas para a equidade de gênero nos tribunais.
Entre os pontos destacados pelo ministro Luis Felipe Salomão, no levantamento, estão o período de ingresso das juízas na magistratura, a trajetória das mulheres na carreira jurídica e a ocorrência de assédio moral no trabalho. Para ele, esses dados precisam ser “analisados com lupa”.
Texto: Regina Bandeira e Michelle Martins
Edição: Karina Berardo
Agência CNJ de notícias
The post Seminário “Sistema de Justiça pelas mulheres” destaca a importância de ações afirmativas no combate ao machismo appeared first on Portal CNJ.
Outras Notícias
Portal CNJ
27 DE SETEMBRO DE 2023
Judiciário do Mato Grosso firma parceria para realização de mutirão de Tribunais do Júri
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso assinou na última segunda-feira (25/9), um Termo de Cooperação Técnica...
Portal CNJ
27 DE SETEMBRO DE 2023
Mesas redondas demostram força do Pacto para garantir direitos na primeira infância
Três mesas redondas reuniram quase trinta autoridades públicas e representantes de entidades, que participam do...
Portal CNJ
27 DE SETEMBRO DE 2023
Estudo propõe ações ao Judiciário para efetivar Lei Brasileira de Inclusão
A criação de audiências judiciais por videoconferências, a presença de equipes multidisciplinares nos tribunais...
Portal CNJ
27 DE SETEMBRO DE 2023
13ª Semana da Execução Trabalhista: tribunal gaúcho movimenta mais de R$ 265 mi
Justiça do Trabalho do Rio Grande do Sul movimentou mais de R$ 265 milhões durante a 13ª Semana Nacional da...
Portal CNJ
27 DE SETEMBRO DE 2023
Núcleo de Práticas Restaurativas é instalado na Seção Judiciária do Pará
A Seção Judiciária do Pará (SJPA) conta agora com mais duas unidades a serviço do cidadão: um Núcleo de...